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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Demolição do Hotel Rolândia. Crime contra a memória histórica?

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Crime contra o patrimônio histórico de Rolândia pode parar na promotoria pública
Semana passada a reportagem do jornal Manchete do Povo acompanhou o vereador José de Paula até o local onde está armazenada parte das madeiras que restaram do Hotel Rolândia. O marco zero da cidade que foi demolido em 2010. Na época a família proprietária do hotel informou ter procurado a prefeitura que alegou não ter recursos disponíveis para comprar o local. Após grande pressão popular a administração comprou parte da fachada original do Hotel com a promessa de reconstruí-lo no Centro Histórico. Obra que está sendo realizada na antiga estação de trens de Rolândia.
Na última tentativa de fotografar as madeiras a prefeitura encaminhou resposta informando que "o Jurídico não quer divulgação de fotos, que podem ser usadas de maneira errônea".
Após ter acesso ao local com a presença do vereador Zé de Paula e fotografar as madeiras esta reportagem foi até o centro de história na Universidade Estadual de Londrina e falou com o Dr. em história Marco António Neves Soares. Ele é coordenador do Centro de Documentação e Pesquisa Histórica da UEL e há 11 anos pesquisa a história de Rolândia.

Descaso
Marco começa salientando que o Hotel Rolândia não dizia respeito apenas à história de Rolândia, mas à história da ocupação do Paraná como um todo. Historicamente Rolândia já deveria ter pensado há muito tempo em políticas de preservação do hotel e de outros locais de grande importância histórica para a cidade e o estado. Referente ao Hotel Rolândia o Dr. Marcos fala que o poder público foi inepto e não tomou nenhuma iniciativa para garantir a preservação do marco zero de Rolândia.

Dr. em História afirma que houve um crime contra a memória. "O Hotel Rolândia foi demolido e não desmontado"
Diante das fotos e das informações o Dr. em História Marco Antônio Neves Soares afirma categoricamente que o hotel não foi desmontado de forma correta, mas demolido e destruído, "Temos a fachada do Hotel? Eu duvido!" questiona. "A desmontagem da edificação não obedeceu nenhum critério técnico", garante.

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Como deveria ter sido feito o desmonte do Hotel?
Marcos explica que o processo de desmontagem deveria começar com a avaliação do telhado e então retirado o mesmo. Feito isso deveria ter numerado as taboas e cada peça do hotel que seria retirada de forma cuidadosa e com critérios técnicos. Após isto feito as tábuas e peças seriam armazenadas em conjuntos que seriam embalados separadamente. Somente assim as madeiras estariam protegidas da ação do tempo e poderiam ser transportadas e armazenadas para posteriormente serem novamente montadas em outro local. "Está claro que não foi feito a desmontagem com ciência e técnica e isso certamente inviabilizou a remontagem do hotel" informa.

Quem deveria ter feito este trabalho?
Ainda segundo Marcos existem diversas pessoas capacitadas para a realização do trabalho de desmonte que certamente nunca poderia ter sido feito por um marceneiro
Marcos conta que na UEL existem pessoas capacitadas que poderiam ter dado toda a assessoria necessária para a realização deste trabalho, porém a prefeitura nunca procurou a Universidade. Na questão patrimonial a UEL e outras universidades como a UNIFIL poderiam dar suporte técnico científico ao município de Rolândia.

É possível salvar o que restou?
Feita esta pergunta o Dr. em história com vasta experiência foi categórico, "Eu acredito que não. O que dá para fazer é um simulacro com o que restou para fingir que reconstruímos a fachada do Hotel Rolândia" afirma.

Quais são as conseqüências do crime?
Os bens patrimoniais são garantidos pela constituição brasileira. Em nenhum momento na cidade de Rolândia com relação ao seu marco zero, o Hotel Rolândia, a lei foi respeitada, "A prefeitura não respeitou a lei, o ministério público ao observar também ficou quieto, e todas as instituições que garantiriam do ponto de vista legal a manutenção de um patrimônio histórico e de uma memória não agiram de forma legal" lamenta.

O hotel era um patrimônio privado além de ser um patrimônio histórico
O hotel pertencia a uma família que precisava vender o local, porém Marcos explica que a prefeitura tinha todos os meios legais para resolver este problema. "Teria as vias legais de desapropriação e indenização tudo justificado pela constituição e também através das cartas patrimoniais Brasileiras. A prefeitura estaria assegurada pelo ponto de vista legal se tivesse através da justiça adquirido o hotel", garante.

O ministério Público deve ser Procurado
Os restos do hotel devem ser armazenados de forma correta para evitar que maiores danos aconteçam. "Deveríamos procurar o Ministério Público, basta fazer um dossiê relatando a importância histórica do Hotel, como foi feita a sua demolição e as condições em que estão sendo armazenados os seus restos". Isto feito qualquer cidadão ou o próprio ministério público pode entrar com uma ação contra a prefeitura alegando desvio de conduta.

O que se deve fazer para evitar que outros crimes aconteçam?
"Juntamente com a comunidade identificar outros pontos de importância histórica para a cidade e juntamente com as autoridades do município estabelecer políticas de proteção do patrimônio histórico para evitar que aconteça o que aconteceu com o Hotel Rolândia. O erro que aconteceu é irremediável" finaliza Dr. Marco António Neves Soares.

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